Por Davi Caldas

Recentemente, teci um breve comentário afirmando mais ou menos o seguinte: não devemos deixar que aqueles que zombam da virgindade pareçam (à sociedade) superiores a quem escolhe se preservar até o casamento. Defendi (e defendo) categoricamente que quem assim o faz está agindo de modo irracional e deve ser exposto como um tolo que não tem a menor ideia do que está dizendo. Detalhei a questão em outro comentário, o qual exponho aqui agora.

A questão da virgindade gira em torno de um raciocínio bem simples e óbvio: se você se submete a dormir com uma pessoa que não tem a menor pretensão de construir uma vida ao seu lado, você está sendo usado. Se você é que não tem essa pretensão, você está usando. Se ambos não pretendem, ambos estão usando e sendo usados. Por outro lado, se você e a pessoa pretendem construir uma vida juntos, esperar é a maior prova de compromisso que você pode dar. E sua maior segurança caso descubra que aquela pessoa não serve para viver ao seu lado para o resto da vida. Em suma, se há pretensão de se unir totalmente à pessoa, não existe razão para não esperar. Ela será sua para o resto da vida. Se não há, você não será usado, nem usará.

A castidade ou virgindade antes do casamento tem uma razão lógica: ela nos humaniza, nos impede de sermos tratados como objetos na relação mais íntima e importante que existe, evita comparações com antigos parceiros, preserva a sua maior intimidade para uma só pessoa e faz do casamento algo mais sério. Se só posso ter sexo assumindo um compromisso sério e eterno, a tendência é que eu escolha muito bem a pessoa com quem vou me casar. Se posso ter sexo com qualquer pessoa, o casamento perde grande parte do sentido.

O sexo reservado ao casamento não só faz da primeira vez algo extremamente sublime e único para o casal como faz da relação não física o foco principal. Afinal, a partir do momento em que eu percebo que preciso casar para ter sexo, percebo que preciso de alguém que realmente me preencha para estar ao meu lado; alguém de muita confiança para eu dividir toda a minha vida; alguém que me dê certeza que não quebrará nossa aliança perpétua; alguém que mereça possuir meu corpo pela primeira vez e para sempre. Ao mesmo tempo que isso eleva a importância do sexo, eleva muito mais a importância da relação não-fisica, colocando o sexo em segundo plano.

A promiscuidade, em oposição, eleva o sexo para o lugar da relação não física, mas o rebaixa à mero divertimento, o que empurra o amor para uma posição menor que o divertimento. Ou seja, o amor deixa de ser obrigação e deixa até de ser divertido. Porque o amor completo inclui capacidade de sacrifício, de altruísmo, de empatia e esforço. Para quem focaliza o sexo em primeiro lugar, esses elementos se tornam um estorvo.

Não obstante, mesmo a mais promíscua das pessoas, por mais egoísta que seja, sentirá falta de receber mais que mero contato físico. Ela desejará, no seu íntimo, ainda que inconsciente, alguém que não a olhe como objeto, que não a trate como ela tem tratado seus parceiros sexuais.

A promiscuidade é ilógica e insensata. E o que os liberais e progressistas chamam de quebrar tabus é a raiz de diversos problemas. Meninas grávidas na adolescência, pais que não assumem os filhos, proliferação de doenças, normatização da infidelidade, vício, desprezo à família e ao matrimônio, antipatia por crianças, abortos, egoísmo, hedonismo, objetificação, famílias desestruturadas, etc. Tudo isso é resultado direto e indissociável de relações sexuais fora do casamento. Tudo isso seria evitado se a prática da castidade antes do casamento e da fidelidade ao matrimônio fossem observadas por todos. Mesmo considerando que a observação unânime é e sempre foi uma utopia, o fato é que se a grande maioria seguisse a prática, os problemas acima mencionados seriam drasticamente reduzidos.

A virgindade e a visão do sexo como como algo sagrado não são crendices e ideias sem sentido. Elas tem uma razão lógica de ser, assim como tudo na visão judaico-cristã de moralidade tem. Por isso repito: quando alguém quiser te rebaixar por sua escolha, mostre que sua opção é superior e que a promiscuidade é uma idiotice sem tamanho. Sua fé é racional. Não aceite rótulo de ignorante e retrógrado. Você está certo e não deve sentir vergonha disso, mas sim pena de quem insiste em estragar a própria vida e a de outros. Preserve sua virgindade até o casamento e seja feliz.