Por Davi Caldas

Conservadorismo não se resume à política. A posição conservadora não necessita estar vinculada à defesa de algum modelo específico de economia e governo, a partidos e partidarismo, à personalidades e ideais do que deve ser feito. Conservadorismo é, em primeiro lugar, uma postura diante da vida. É a posição do homem que entende a existência de determinados valores e pilares sociais imutáveis, que devem ser conservados independente do que se passe na economia ou na política. É a posição do homem que se guia pela prudência e defende a reforma refletida em vez da ruptura radical e impensada. É a posição do homem que respeita os ensinamentos do passado e da experiência, e por eles se pauta para dar os passos em direção ao futuro.

Não, não se está falando necessariamente de política, mas de sociedade, o que engloba primeiramente moral, cultura, hábitos e religião. São assuntos que transcendem meramente o debate político. E são nesses campos que o conservador se destaca pela antevisão. Numa quase visão profética, o conservador observa o rumo das coisas e avisa: “Isso não vai terminar bem. Os próximos passos serão este e este”. Ele é ridicularizado pelos mais progressistas e pela turma do “nada a ver”. Mas passadas algumas semanas, meses ou anos, o que ele “profetizou” acontece. É o dom da prudência e da experiência.

Com olhos tristes, esses conservadores tem visto se cumprirem agora as previsões sobre a normatização da pedofilia e da zoofilia. A exposição promovida pelo Santander há algumas semanas e a mais recente exposição do Museu de Arte Moderna de São Paulo são apenas o que já vinha sendo alertado há décadas. Esses males sempre existiram no mundo, é verdade. Bem como outros. O dever da sociedade era miná-los através dos verdadeiros valores bíblicos e familiares, do estímulo às virtudes, da devoção sincera a Deus, do amor ao próximo, da reforma individual, do combate à hipocrisia e aos pecados escondidos.

Em vez disso, a sociedade preferiu atentar aos sussurros de Satanás. Sexo livre, ataque à castidade, consumo de drogas, aborto, alcoolismo, divórcios, desvalorização da maternidade e da família, hedonismo, egoísmo, incentivo à homossexualidade, ao poliamor, à promiscuidade, aos bacanais, à infidelidade, etc. A cada passo em um desses vícios, Satanás aproximou mais a sociedade de outros vícios semelhantes. E a cada nível vencido, a sociedade aprofundou mais a sua imoralidade e o processo de normatização de outras piores.

Desde dos anos 60 e 70, as décadas da revolução sexual, os ataques à família e à moral sexual tem sido cada vez mais abertos e insistentes. Movimentos foram levantados em prol disso. Acadêmicos, jornalistas, estudantes universitários e políticos se uniram para levar à cabo a plena destruição dos preceitos bíblicos em torno desses temas. Hoje vemos o que a destruição das virtudes morais na área do sexo fizeram. E nada do que vemos deixou de ser predito. “Isso não vai terminar bem”. Agora, atacam as crianças. Nenhuma surpresa. Uma hora os ministros de Satanás chegariam aos pequeninos. As previsões conservadoras continuam. É daí para pior.

A reflexão mais prudente e analítica que um conservador pode ter, no entanto, é muito menos preto no branco. O fim do mundo que se aproxima não traz apenas uma possibilidade de mal. Há pelo menos dois cenários possíveis se aproximando: ou a imoralidade sexual destruirá a humanidade ou, chegando ela ao seu cume, receberá a mais poderosa reação já concebida na terra, no que se configurará um movimento pendular. Aqui, corremos o risco de sair de um extremo em direção a outro. A força moral, cultural e religiosa que conseguir barrar o Apocalipse da imoralidade sexual também terá nas mãos o poder para impor tudo o que julga correto e a perseguir tudo o que possa parecer a semente de uma nova destruição generalizada da moral. Nisso ganham os grupos religiosos majoritários. Perdem os que, diante dos olhos da maioria, se afigurarem perigosos.

Não há escapatória para os que pretendem realmente seguir a Cristo, só a Cristo, e cumprir seus mandamentos. Os irreligiosos e anticonservadores tem motivos para persegui-los. Os religiosos e conservadores de outras matizes também. O conhecimento do que é o ser humano e as profecias bíblicas não nos trazem um panorama melhor. O homem, no fim das contas, não sabe trilhar os caminhos de Deus em sociedade. E o Diabo tem nas mãos os dois extremos, para fazer da vida de quem deseja seguir inteiramente a Cristo um verdadeiro inferno. Como já dizia C. S. Lewis, Satanás brinca de jogar as pessoas de um extremo ao outro.

Ser bíblico, no fim das contas, é ser atacado de todos os lados, já que para cada lado, Satanás tem seus agentes conscientes e inconscientes. Quem ganhar a guerra, não importa qual lado seja, perseguirá o remanescente. Eis a carta na manga de Satanás. Nesse mundo de pecado, ele é o dono do jogo. O cristão bíblico, não importa em qual denominação esteja hoje, é o alvo do mundo inteiro, porque é o alvo de Satanás. Será combatido pelo adversário progressista e pelo colega conservador, pelo inimigo antirreligioso e pelo amigo religioso da Igreja vizinha.

O cristão bíblico está, como sempre esteve, entre a cruz e a espada. Nossa única esperança está na bendita volta de Cristo. Ele é o único que pode destruir todos os extremos não-bíblicos e restaurar o mundo. E Ele está vindo. Já podemos ver os seus sinais. A Ele seja a honra, a glória e o poder para sempre. Amém!