Por José Maede Bezerra Dantas

Desde o surgimento do cristianismo no século I AD, teólogos e pensadores da Igreja, têm se debruçado na extensa tarefa de tentar descobrir o papel, a importância e a validade da “Lei Mosaica” (ou Lei Divina, como preferem alguns) para os discípulos da “Nova Aliança”, o que tem causado o surgimento de um acervo extremamente volumoso de opiniões e interpretações distintas umas das outras. Com relação ao mandamento de observância do sétimo dia (o Sábado), o problema não é diferente. Eruditos contrários à validade da Lei para os dias atuais têm defendido uma revogação desse mandamento, pois segundo eles, tal lei seria exclusiva para a nação hebraica, sendo prova disso uma suposta inexistência do mandamento sabático no período anterior ao recebimento da Lei pelo profeta Moisés no cume do Monte Sinai.

Já uma classe especial de pensadores defensores não apenas da Lei, mas do mandamento do Sábado também (os ditos “sabatistas”), têm utilizado o texto de Gênesis 2:2-3 como refutação a ideia antinomista de que o Sábado teria sido estabelecido como mandamento no Monte Sinai, pois tal texto (Gênesis 2:2-3) provaria que o Sábado na verdade seria uma herança vinda dos tempos do Jardim do Éden. Analisar tal texto por meio de um trabalho exegético que nos permita descobrir se realmente o Sábado é um mandamento de origem edênica é o objetivo deste artigo.

1  Estudo Contextual

1.1    Contexto Histórico da Passagem

A passagem de Gênesis 2:2-3 relata o contexto histórico de um mundo perfeito, isto é, de um mundo sem pecado (apesar de o texto em si, ter sido escrito milênios depois da entrada do pecado em nosso planeta) recém-criado pelo GRANDE YHWH que não deixou absolutamente nada, que tivesse que existir, sem ser criado (Gênesis 2:1), o que incluí a semana, constituída até os dias atuais por um período de sete dias, que por sua vez são divididos em dois turnos (um claro chamado de manhã ou dia e um escuro chamado de noite) desde o início dos tempos, de acordo com Gênesis 1:5, 8, 13, 19, 23 e 31.

Tal contexto fornece aos eruditos sabatistas “munição” para sua interpretação de que o texto de Gênesis 2:2-3 demonstraria que o Sábado não tem origem mosaica, mas sim edênica (algo aceito até por certos teólogos não-sabatistas, que serão citados posteriormente), sendo tal interpretação combatida com certas alegações, tais como: ‘não há citação do Sábado no texto, mas sim do sétimo dia’; ‘não há nenhuma ordem para se guardar o Sábado no texto de Gênesis’; ‘não há provas escriturísticas que informem sobre uma guarda do Sábado anterior a Moisés’ etc.

1.2    Contexto Literário da Passagem 

O Livro de Gênesis pode ser dividido em três perícopes: “Cósmica”; “História Primitiva da Humanidade” e “História dos Patriarcas Progenitores do Povo Hebreu”. A primeira abrangeria os dois primeiros capítulos do livro, onde se narra a história da criação desde mundo, juntamente com a história da origem da vida em nosso planeta, sendo nesse contexto localizado o texto de Gênesis 2:2-3. A segunda abrangeria os textos correspondentes do capítulo 3 ao capítulo 11 do livro, onde se encontram a narrativa da entrada do pecado em nosso mundo, as genealogias ante e pós-diluvianas e, é claro, a mega- catástrofe chamada de “dilúvio” que atingiu todo o planeta. A terceira corresponde aos textos do capítulo 12 ao último capítulo do livro (o capítulo 50), onde vemos as heroicas histórias de fé e de transformação de caráter dos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó (além da história de superação e amadurecimento do patriarca José nos capítulos derradeiros do livro) que foram os progenitores da nação hebraica, o principal agrupamento do povo de DEUS na Terra por séculos.

A localização do texto de Gênesis 2:2-3 na parte “cósmica” do livro de Gênesis é utilizada pelos eruditos sabatistas como prova de que o Sábado é destinado a toda a humanidade, pois no tempo histórico descrito pelo livro, ainda faltavam mais de 2000 anos para o nascimento do primeiro israelita (Gênesis 29:32). Já alguns antinomistas defendem uma utilização de “prolepse” por Moisés, isto é, Moisés poderia apenas estar demonstrando o motivo do Sábado ter que ser guardado pelos filhos de Israel e não que o mandamento do Sábado tivesse origem edênica.

2      Estudo Textual

2.1    O texto nas versões modernas.

“E, havendo Deus acabado no dia sétimo a sua obra, que tinha feito, descansou no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra, que Deus criara e fizera.” Gênesis 2:2-3, Almeida Revista e Corrigida.

“E, havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a sua obra que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, fizera.” Gênesis 2:2-3. Almeida Revista e Atualizada.

“E, havendo Deus terminado no sétimo dia a sua obra, que tinha feito, descansou nesse dia de toda a obra que tinha feito. E Deus abençoou o sétimo dia e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, tinha feito.” Gênesis 2:2-3, Nova Almeida Atualizada.

“No sétimo dia, Deus já havia terminado a obra que determinara; nesse dia descansou de todo o trabalho que havia realizado. Então abençoou Deus o sétimo dia e o santificou, porquanto nele descansou depois de toda a obra que empreendera na criação”. King James Atualizada.

“E no sétimo dia, tendo Deus terminado a sua obra, ele descansou. Deus abençoou o sétimo dia e o declarou santo, pois nele descansou de toda a obra da criação.” Gênesis 2:2-3, Nova Bíblia Viva.

“No sétimo dia Deus acabou de fazer todas as coisas e descansou de todo o trabalho que havia feito. Então abençoou o sétimo dia e o separou como um  dia sagrado, pois nesse dia ele acabou de fazer todas as coisas e descansou.” Gênesis 2:2-3, Nova Tradução na Linguagem de Hoje.

“No sétimo dia Deus já havia concluído a obra que realizara, e nesse dia descansou. Abençoou Deus o sétimo dia e o santificou, porque nele descansou de toda a obra que realizara na criação.” Gênesis 2:2-3, Nova Versão Internacional.

“No sétimo dia, Deus havia terminado sua obra de criação e descansou de todo o seu trabalho. Deus abençoou o sétimo dia e o declarou santo, pois foi o dia em que ele descansou de toda a sua obra de criação.” Gênesis 2:2-3, Nova Versão Transformadora.

“No sétimo dia, acabou Deus a obra que tinha feito; e cessou, no sétimo dia, de toda a obra que fizera. Abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele cessou de toda a obra que fizera como Criador.” Gênesis 2:2-3, Tradução Brasileira.

“Tendo Deus terminado no sétimo dia a obra que tinha feito, descansou do seu trabalho. Ele abençoou o sétimo dia e o consagrou, porque nesse dia repousara de toda a obra da Criação.” Gênesis 2:2-3, Bíblia Ave Maria.

“Y acabó Dios en el día séptimo la obra que hizo; y reposó el día séptimo de toda la obra que hizo. Y bendijo Dios al día séptimo, y lo santificó, porque en él reposó de toda la obra que había hecho en la creación”. Génesis 2:2-3. Biblia Reina Valera, 1960.

2.2    O texto nos manuscritos antigos.

Hebraico

Bíblia Hebraica Stuttgartensia. O hebraico é lido da direita para a esquerda.

Literalmente: “E terminando DEUS [no] dia sétimo [o] trabalho o qual trabalhou, descansou [no] dia sétimo [de] todo trabalho o qual trabalhou. E abençoou DEUS [o] dia sétimo e santificou, porque descansou [de] todo trabalho o qual criara DEUS, trabalhando”.

kai συνετέλεσεν ὁ θεὸς ἐν τῇ ἡμέρᾳ τῇ ἕκτῃ τὰ ἔργα αὐτοῦ, ἃ ἐποίησεν, καὶ κατέπαυσεν τῇ ἡμέρᾳ τῇ ἑβδόμῃ ἀπὸ πάντων τῶν ἔργων αὐτοῦ, ὧν ἐποίησεν. καὶ ηὐλόγησεν ὁ θεὸς τὴν ἡμέραν τὴν ἑβδόμην καὶ ἡγίασεν αὐτήν, ὅτι ἐν αὐτῇ κατέπαυσεν ἀπὸ πάντων τῶν ἔργων αὐτοῦ, ὧν ἤρξατο ὁ θεὸς ποιῆσαι. Septuaginta.

Literalmente: “E finalizando DEUS no dia sexto o trabalho [que] ELE fez, e descansou no dia sétimo, após todo trabalho [que] ELE fez. E abençoou DEUS o dia sétimo e santificou ele, porque nele descansou após todo [o] trabalho [que] ELE fez, [que] DEUS fez”.

Conplevitque Deus die septimo opus suum quod fecerat et requievit die septimo ab universo opere quod patrarat et benedixit diei septimo et sanctificavit illum quia in ipso cessaverat ab omni opere suo quod creavit Deus ut faceret. Bíblia Sacra Vulgata Latina.

Literalmente: “Completando DEUS [no] dia sétimo [o] trabalho seu que [foi] feito e descansou [no] dia sétimo de todo trabalho que tinha [feito] e abençoou o dia sétimo e santificou ele, porque ELE descansou de todo trabalho seu que criara, [que] DEUS fez”.

Percebe-se uma diferença entre o texto da Septuaginta e os textos em hebraico e em latim, pois enquanto, a Bíblia Hebraica Stuttgartensia e a Bíblia Sacra Vulgata Latina dizem que o SENHOR DEUS finalizou seu trabalho no dia sétimo, na Septuaginta diz-se que a Criação Divina finalizou-se no sexto dia. A Septuaginta tem o apoio dos Pentateucos Samaritanos para a sua tradução do texto de Gênesis 2:2, entretanto, a Crítica Textual tem considerado a expressão “dia sétimo” como sendo a correta. Mas isso significa que o SENHOR DEUS trabalhou no sétimo dia? Não. Tal interpretação seria uma contradição da frase “descansou [no] dia sétimo”, por isso a King James Atualizada diz que “No sétimo dia, Deus já havia terminado a obra que determinara”, percebeu a diferença? Essa versão bíblica diz que o SENHOR DEUS já havia concluído sua obra quando o sétimo dia chegou, sendo que o mesmo é dito pela Nova Versão Internacional: “No sétimo dia Deus já havia concluído a obra que realizara”.

2.3    O Sétimo Dia da Criação é o Sábado?

A Enciclopédia Judaica, Vol 10, 1919, no artigo “SABBATH (Sábado)”, de autoria dos rabinos Emil G. Hirsch ( à época professor de Literatura Rabínica e de Filosofia da Universidade de Chicago), Joseph Jacobs (à época presidente da Sociedade Histórica Judaica da Inglaterra e membro da Real Academia de História) e Julius H. Greenstone (rabino da Filadélfia) no parágrafo 1 diz: “Na conclusão de Sua obra criadora, Deus abençoou e santificou o sétimo dia como o sábado (Gênesis 2:1-3). O Decálogo em Êxodo (20:8) reverte para este fato como a razão para o mandamento de “lembrar” o dia de sábado para santificá- lo”.

O pseudoepígrafo Livros dos Jubileus em seu segundo capítulo, no versículo um (segundo a numeração da tradução em alemão de Erich Weidinger, “Die Apokryphen. Verborgene Bücher der Bibel”), diz: “E o mensageiro da presença falou com Moisés de acordo com a palavra de הוהי dizendo: Escreva a história completa da criação, como em seis dias הוהי Elohim completou toda sua obra e tudo o que criou, e guardou o Shabat no sétimo dia e o separou para todas as eras, e apontou isso em sinal por toda sua obra”. Deve-se notar, entretanto, que tal livro além de não ser divinamente inspirado, afirma no mesmo capítulo 2 no versículo 31 que somente Israel tinha o direito de observar o Sábado, mas tal manuscrito é importantíssimo, pois revela a crença na identidade do Sétimo Dia da Criação como sendo o Sábado semanalmente guardado por Israel, quase dois séculos antes do nascimento do SENHOR JESUS CRISTO.

O Talmude judaico (Bezah 16a sobre Gênesis 2) diz: “O sábado expressa a intimidade entre Deus e Israel; desde os dias da Criação esta relação existiu. Cada dia da semana é associado a outro, o primeiro com o segundo e assim por diante; mas o sábado está sozinho. Em resposta à sua queixa de ser assim negligenciada, Deus explicou que Israel é seu associado peculiar”. Nesse manuscrito vemos assim a interpretação de que somente os hebreus deveriam observar o Sábado (algo também defendido pelo pseudoepígrafo livro dos Jubileus, como já foi dito), mas vemos a apresentação do Sábado com sendo um mandamento de origem edênica.

Martinho Lutero, o “pai da Reforma Protestante”, escreveu em um comentário sobre Gênesis 2:1-3, o seguinte: “Destarte podes ver que o sábado existia antes que viesse a lei de Moisés, e tem existido desde o princípio do mundo. Especialmente têm os devotos, que preservaram a fé verdadeira, se reunido e apelado a Deus nesse dia”. (Comentário Sobre o Velho Testamento), em “Sämmtliche Schriften” (Escritos Coletados), editado por J. G. Walch, Vol. 3, col. 950. Vemos então um reformador protestante reconhecer o Sábado como tendo origem no princípio do mundo, apesar, de tal reformador, assim como a Igreja fundada por ele, santificarem o primeiro dia da semana, ao qual chamam de “Domingo”, que significa “Dia do SENHOR”.

A Confissão de Fé Batista de Londres de 1689, no capítulo 22 intitulado “Adoração Religiosa e o Dia do SENHOR”, páginas 82 e 83; diz: “Por instituição divina, é uma lei universal da natureza que uma proporção de tempo seja separada para adoração a DEUS. Por isso, em sua Palavra-através de um mandamento explícito, perpétuo e moral, válido para todos os homens, em todas as eras-DEUS determinou que um dia em sete lhe fosse santificado, como dia de descanso. Desde o começo do mundo, até a ressurreição de CRISTO, esse dia era o último da semana; e, desde a ressurreição de CRISTO, foi mudado para o primeiro dia da semana, que é chamado “Dia do SENHOR”. É interessante notar que tal confissão ao passo que defende a substituição do Sábado pelo Domingo, também reconhece a instituição do mandamento sabático como sendo datado desde o Jardim do Éden, isto significa que a tese da guarda do Sábado ter sido instituída na Semana da Criação é aceita até mesmo por igrejas reformadas que creem na abolição desse mandamento, como parte das igrejas batistas e que o Sétimo Dia de Gênesis 2:2-3 é o Sábado: “Desde o começo do mundo, até a ressurreição de CRISTO, esse dia era o último da semana”.

A Enciclopédia Católica Original, volume 13, no artigo “Sabbath”, de autoria do reverendo Florentine Bechtel, no ano de 1912, faz uma declaração ambígua,  no parágrafo 3:

“Mas enquanto o sábado era principalmente um dia religioso, tinha um lado social e filantrópico. Também foi planejado como um dia de descanso e relaxamento, particularmente para os escravos (Deuteronômio 5:14). Por causa do caráter duplo, religioso e filantrópico, do dia, duas razões diferentes são dadas para sua observância. O primeiro é tirado do descanso de Deus no sétimo dia da criação: “Pois em seis dias o Senhor fez o céu e a terra, e descansou no sétimo dia; por isso o Senhor abençoou o sétimo dia e o santificou” (Êxodo 20:11; 31:17). Isso não significa que o sábado foi instituído na Criação, como alguns comentaristas pensaram, mas que os israelitas deviam imitar o exemplo de Deus e descansar no dia que Ele santificou por Seu descanso”.

O reverendo Bechtel, ao passo que afirma categoricamente que o Sábado não foi instituído na Criação, também afirma que os israelitas deveriam imitar o SENHOR DEUS e descansar no dia que ELE santificou por Seu descanso, que de acordo com o texto de Gênesis 2:2-3 é o Sétimo Dia, ou seja, o reverendo Bechtel reconhece o Sétimo Dia da Criação como sendo o Sábado. Infelizmente a Igreja Católica Apostólica Romana (da qual fazia parte o reverendo Bechtel), a partir da promulgação da encíclica “Humani Generis” em 12 de Agosto de 1950 pelo então Papa Pio XII, passou a admitir a teoria da evolução das espécies como algo compatível com a fé cristã, com isso passou- se a considerar os dias da Semana da Criação (incluindo o sétimo) como simbólicos e, portanto, não consistindo em 24 horas.

As versões Almeida, em algumas edições trazem certas referências relacionadas a textos considerados importantes das Escrituras, outras trazem uma concordância temática com o objetivo de auxiliar o leitor no significado de uma palavra ou de um texto. Com relação a Gênesis 2:2-3, as Almeida relacionam esse texto geralmente com: Êxodo 20:11; Isaías 58:13; Mateus 12:8; Colossenses 2:16-17 e Hebreus 4:4 e 10, reconhecendo assim que o Sétimo Dia guardado e santificado pelo SENHOR DEUS é o Sábado, mas com o uso de Colossenses 2:16-17, essas versões buscam classificar o Sábado como um mandamento anulado e, portanto, inválido para os nossos dias.

Temos, entretanto, a aceitação da identificação do Sétimo Dia da Criação como sendo o Sábado, tanto por igrejas, traduções bíblicas (através de seus respectivos materiais de apoio) e teólogos cristãos quanto por teólogos e manuscritos judeus.

2.4    As interpretações divergentes

Assim como existem escritos que identificam o Sétimo Dia de Gênesis 2:2-3 como sendo o Sábado e outros que indo mais além, corroboram a tese da instituição da guarda do Sábado datada do Éden (como a Confissão de Fé Batista de Londres de 1689, por exemplo), também existem escritos que defendem o contrário, ou seja, uma inexistência da guarda do Sétimo Dia, antes da outorga da Lei no Monte Sinai (como o reverendo Bechtel, por exemplo) e um Sábado não literal, isso é, o Sábado de Gênesis 2:2-3 seria o período de inocência no qual viveram Adão e Eva antes da entrada do pecado no mundo, sendo que este período será restaurado na Redenção Final que culminará nos Novos Céus e na Nova Terra, segundo Santo Agostinho de Hipona, por exemplo. Veja “Confissões”, livro XIII, verso 36.

O pastor pentecostal Esequias Soares em seu livro “Os Dez Mandamentos- Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança” (CPAD-Casa Publicadora das Assembleias de DEUS; 18 de Setembro de 2015), na página 65, parece concordar com a interpretação de Santo Agostinho sobre o sétimo dia da criação, pois afirma que: “Deus abençoou e santificou o sétimo dia como um repouso contínuo, a dispensação da inocência, interrompido por causa do pecado (sic)”. Entretanto, o mesmo pastor afirma nas páginas 62 e 63 dessa mesma obra que:

“Deus celebrou o sétimo dia após a criação e abençoou este dia e o santificou. Gênesis é o livro das origens de todas as coisas: dos céus e da terra, do homem e do pecado, do sacrifício e da promessa de redenção, do casamento, da família, das nações, das línguas, da nação de Israel, do sábado e da semana (sic)”.

Ou seja, ao passo que desconsidera o sétimo dia da criação como sendo o Sábado, o pastor Soares reconhece que esse dia é base do que ele chama de “sábado institucional” (que consiste em um descanso físico e emocional a cada seis dias de trabalho, mas que não necessita ser necessariamente o sétimo dia da semana, segundo o pastor Soares) e o “sábado legal” (que é o sétimo dia da semana, no qual os israelitas estavam obrigados a descansar e a cultuar a DEUS), portanto, o sábado foi criado muito  antes de Moisés existir, mas só foi estabelecido como mandamento em Êxodo 16, segundo o pastor Soares.

Justino, o Mártir, diz em “Diálogo com Trifão” 19:5, que Abraão e seus descendentes agradaram a DEUS sem a observância do Sábado e Irineu, Bispo de Lyon, diz em “Contra as Heresias”, Livro IV, 16:2, que Abraão sem circuncisão e sem observância do Sábado, acreditou em DEUS e isso lhe foi imputado por justiça.

O apoiar-se em escritos patrísticos têm sido prática comum dos eruditos não- sabatistas, mas uma análise minuciosa de tais escritos demonstra uma série de interpretações equivocadas sobre o Sábado realizadas por esses teólogos cristãos antigos do século II, como por exemplo o Pseudo-Barnabé chega a declarar que “a prática literal do sábado nunca havia sido o objeto de um mandamento de Deus” (J. Daniélou, Bible and Liturgy [Bíblia e Liturgia], p.  230), Justino também declarou que o SENHOR DEUS impôs o Sábado como um sinal de infâmia para isolar a nação de Israel do resto do mundo (“Diálogo com Trifão”, 16, 1; 19, 2-4; 21, 1; 16, 1; 19, 2-4; 21, 1; 23, 1-2; 27, 2) e a Didascalia Síriaca 21 diz que o sábado foi estabelecido como um dia de lamentação: “Então ele prendeu-os de antemão com prantos perpetuamente, no que ele separou e apontou o sábado para eles”.

Os eruditos não-sabatistas, por uma questão de conveniência, não aceitam tais interpretações patrísticas, ao passo que concordam com aquelas que negam a existência do Sábado como sendo anterior a Moisés, mas para que os argumentos patrísticos sejam consistentes, não deveriam os eruditos não-sabatistas aceitarem as interpretações patrísticas de forma plena? Mas se tais interpretações são contrárias as Escrituras, não deveriam elas ser, de igual modo, descartadas como provas contrárias ao Sábado, de forma plena? Dada a grande quantidade opiniões conflitantes, faz-se necessária uma análise do texto nos manuscritos antigos para se descobrir, qual interpretação está correta: O Sétimo Dia de Gênesis 2:2-3 é ou não é o Sábado? O texto ensina ou não ensina que o mandamento do Sábado foi originado no Éden?

2.5    Descansou parte 1

Partindo da premissa de que Moisés é o autor do livro do Gênesis, podemos averiguar o que ele tinha em mente quando disse que o SENHOR descansou, abençoou e santificou o dia sétimo, com base nos demais escritos mosaicos do Pentateuco. Neste texto de Gênesis 2:2, pela primeira vez aparece nas Escrituras o verbo “שבת-shabath” que pode significar “descanso” ou “cessar” (Gênesis 8:22). Desse verbo, surge o substantivo “ָּ֖בת   ַהש – Ha Shabbath” (Êxodo 20:11), que é usado como nomenclatura para o sétimo dia da semana (Êxodo 16:26-27 e 29-30; 20:10-11; 23:12; 31:15 e 17; 34:21; 35:2; Levítico 23:3 e Deuteronômio 5:14), indicando uma clara identificação do sétimo dia como sendo o Sábado.

Porém, teólogos não-sabatistas que não creem na literalidade do sétimo dia da criação (como Santo Agostinho de Hipona, por exemplo), têm apontado para uma ausência da expressão “tarde e manhã” com relação ao dia sétimo de Gênesis 2:2-3 como prova de que esse “dia” não era constituído por 24 horas, como os demais dias, com isso, o dia sétimo seria o período de inocência no qual viveram Adão e Eva antes da entrada do pecado no mundo. Entretanto, o uso do numeral “שביעי-shebiy” (sétimo), indica que esse dia era a continuação de outros seis períodos de tempo anteriores a ele, sendo que se esses seis períodos anteriores são dias de 24 horas, então, o “sétimo período” que se segue a eles, também é constituído por 24 horas, pois o numeral “sétimo” (assim como todo numeral) sempre representa uma parte de “um todo fracionado” em partes iguais, sendo prova disso o fato de Moisés na maior parte de seus escritos apresentar o “dia sétimo” ou “um período de sete dias”, como sendo constituídos por 24 horas (Gênesis 7:10; 8:10 e 12; 29:27, Êxodo 7:28; 12:15-16 e 19, 13:7; 16:26-27 e 29-39; 20:9-11; 23:12; 28:30 e 37; 31:15 e 17; 34:18 e 21; Levítico 12:2; 13:4-6, 21, 27, 31-34, 51, 54; 14:8-9, 38-39; 15:13, 24 e 28; 23:3, 8, 34, 36, 39 e 41-42; Números 6:9, 7:48; 12:15; 19:12 e 19; 29:17, 25 e 32; 31:19 e 24; Deuteronômio 5:14; 16:3-4, 8 e 15), sendo que a única exceção ocorre em Levítico 25:8, onde porém, ele deixa explícita a informação de que as semanas citadas por ele são constituídas na verdade por “anos” e não por dias de 24 horas, de modo, que não somente o “sétimo”, mas todos dias dessas semanas representam anos, reforçando a tese de que o numeral “sétimo” (assim como todo numeral) sempre representa uma parte de “um todo fracionado em partes iguais”.

Por fim, quando Moisés cita um período de tempo indeterminado usa os termos “ֵּ֣קץ מ ִ֑מים  י -mikesh yamim” (ao fim de dias/Gênesis 4:3), “ִ֥מים ִּֽבים׃ ר פ-yamim rabim” (dias muitos/muitos dias- Gênesis 21:34,   37:34;   Deuteronômio   2:1),   “ִ֥אּו ְל ְמ י  ו   ָּ֖מיה   י  -way   yim   le   uh   yamehah(completos    os    dias/    Gênesis    25:24),    “ֵּ֣מים י ח  ִ֑דים א -yamim    ahadim  (dias alguns/alguns dias-Gênesis 27:44), “ִ֨מים  י            ב ִּ֜בים  ַר ִּֽה   -bayamim ha rabim (dentro de muitos  dias/Êxodo  2:23)  e  “ִ֥מים   י  ָּ֖פר   ְס מ  -yamim  mishphar  (dias  poucos/poucos dias-Números 9:20), algo que ele não faz em Gênesis 2:2-3, indicando, portanto que o sétimo dia não era um período de tempo indeterminado, mas sim um período de tempo de 24 horas, como os demais dias da Semana da Criação.

Sobre o fato do SENHOR só ter terminado sua obra no sétimo dia, vimos anteriormente que algumas versões bíblicas, como a King James Atualizada  e  a  Nova  Versão  Transformadora,  preferem  traduzir  “ַ֤כל ַ ְי ַו -yekal” como estando no pretérito-mais-que-perfeito, outros eruditos consideram que os atos de repousar, abençoar e santificar o sétimo dia foram contados como parte da Criação Divina, mas seja qual for a interpretação correta, sabemos que a Palavra Divina não é contraditória, portanto, se o SENHOR repousou no sétimo dia, que é o Sábado, então ELE não trabalhou nesse dia como alguns dizem. O repouso divino no Sábado tem sido o ponto de concórdia de sabatistas e alguns grupos não-sabatistas, ou seja, para ambos os grupos DEUS descansou no Sétimo Dia e esse descanso é a base da guarda do Sábado instituída no Monte Sinai, porque o Sétimo Dia de Gênesis 2:2-3 é o Sábado: “Desde o começo do mundo, até a ressurreição de CRISTO, esse dia era o último da semana”. Confissão de Fé Batista de Londres de 1689, pág-83. “… os israelitas deviam imitar o exemplo de Deus e descansar no dia que Ele santificou por Seu descanso”. Bechtel. Florentine, “Enciclopédia Católica Original”, Volume 13, 1912, artigo “Sabbath”, parágrafo 3.

O ponto de ruptura entre os grupos se dá no verso 3, visto que as ações divinas de “abençoar” e “santificar” são usadas pelos eruditos sabatistas como prova da instituição da guarda do Sábado como sendo datada do Éden, algo que os não-sabatistas se recusam a aceitar, defendendo-se com o “argumentum ex silentio” (argumento do silêncio), como os ditos “Pais da Igreja” já citados por mim, dizendo não existir nenhuma indicação de que o Sábado tivesse sido guardado antes de Moisés. Será mesmo?

2.6    Abençoou 

“רְך ַ֤ב ְי ַו -barek” é uma palavra polissêmica que pode significar:  abençoar,  bendizer a DEUS, ajoelhar-se e até amaldiçoar (Jó 2:9). O contexto sugere a primeira opção (abençoar) como sendo a tradução correta, pois essa mesma palavra é utilizada em Gênesis 1:22 e 28; 5:2; 9:1; 27:27; 30:27; 39:5; 48:15 e 49:28 com o sentido de bênçãos divinas outorgadas, além do mais, Gênesis 12:2-3    também    utiliza   o    verbo    “ה          כ ֲר   ִּֽב  ַוא -wa barakah” com sentido de “abençoarei” e Gênesis 27:33 também utiliza “ָּ֖רּוְך ב -baruk” com o significado de  “abençoado”.

Para esses textos bíblicos supracitados, a Septuaginta emprega os termos “εὐλόγησεν-eylogesen” (abençoou), “εὐλογήσω–eylogeso” (abençoarei) e “ηὐλόγησα-eylogesa” (abençoado), enquanto a Vulgata latina utiliza os termos: benedixitque (abençoou-os), benedixit  (abençoou), benedictus (abençoado) e benedicam (abençoarei), provando que nos escritos mosaicos essa palavra é empregada com o sentido de benefícios divinos outorgados aos seres vivos de forma direta (como as bênçãos sobre os  animais e sobre os seres humanos) ou de forma indireta como em Números 6:22-27, onde a bênção é pronunciada pelo sacerdote, mas é efetuada pelo SENHOR, em cujo O SANTO NOME é proferida, por isso Moisés utiliza “ארר- arar” (amaldiçoar) ao invés de “ברך-barak” em Gênesis 3:17; 4:11 e 5:29.

Portanto, quando o SENHOR DEUS abençoa o Sábado a bênção divina não é direcionada para ele mesmo, mas sim para todos os seres humanos usufruírem dos benefícios físicos, espirituais e emocionas obtidos através do descanso sabático, explicando a declaração de CRISTO em Marcos 2:27: “O Sábado foi feito por causa do Homem”. Mas de que forma o Sábado abençoaria Adão e Eva, no período pré-queda?

Em Gênesis 2:15 temos a informação de que Adão (e consequentemente Eva também) tinha atividades físicas a serem desempenhadas no Jardim do Éden, depois no verso 21 do mesmo capítulo, vemos que Adão era passível de cansaço físico, mesmo possuindo um corpo perfeito, mas alguém poderia questionar se o sono de Gênesis 2:21 não seria resultado de ação divina como o texto diz (creio que o cansaço foi resultado da ação divina ao incumbir o Homem da tarefa de nomear todos os animais: Gênesis 2:19-20) ao invés de uma exaustão física? Sim, mas se Gênesis 1:5, 8, 13-14, 18-19, 23 e 31 nos ensina que no período pré-queda (que os dispensacionalistas chamam de “dispensação da inocência”), os dias já eram divididos em dois turnos (um claro chamado de “manhã” ou “dia” e outro escuro chamado de “noite”), vemos então uma indicação de que parte do dia era destina à atividade física e outra parte ao repouso, afinal, se Adão trabalhasse no Jardim durante 24 horas, não seria ele um escravo? De igual modo, se um descanso noturno está implícito no Texto Sagrado, um descanso semanal também deveria existir, pois trabalhar todos os dias é um fardo que o SENHOR DEUS não permitiu que fosse colocado nem mesmo sobre os escravos (Êxodo 20:10 e Deuteronômio 5:14- 15), por isso o pastor pentecostal Esequias Soares declara:

“O repouso noturno não é suficiente para isso [descansar]. Deus abençoou e santificou esse dia não somente para comemorar a obra da criação, mas para que nesse dia todos cessem o trabalho tendo em vista o descanso físico e mental e também o culto de adoração a Deus” (Soares, 2015, pág-65).

Mas e a declaração divina em Gênesis 3:17? Não deveria o Homem trabalhar em “todos os dias”? Tal expressão (todos os dias) nada mais é do que um hebraísmo utilizado para se referir aos anos de vida de uma pessoa (Gênesis 5), portanto, quando o SENHOR DEUS diz que Adão com sofrimento se alimentaria da Terra todos os dias de sua vida, ELE não está dizendo que Adão deveria trabalhar todos os dias de sua vida não importando se estivesse muito cansado ou até mesmo gravemente enfermo, mas sim que a partir de então, ele (Adão) iria sofrer para conseguir seu sustento e que mesmo assim, sua vida ainda chegaria ao fim, cumprindo-se assim a ameaça de Gênesis 2:17.

Por fim, em Êxodo 20:11, Moisés cita a bênção divina sobre o Sétimo Dia como motivo da guarda desse dia, ou seja, a guarda do Sábado é uma bênção divina outorgada desde o princípio do mundo e, portanto, não é, nunca foi e nunca será uma exclusividade da nação hebraica, pois sua existência e sua finalidade (abençoar) datam da Semana da Criação.

2.7    Santificou 

“ָּ֖דׁש ַק ְי ַו -kadesh” significa: santificar, consagrar, colocar a parte, observar como santo,    etc.    Em    referência    ao    Sábado,    Moisés    usa    “דׁש  ק  ֹ֛ -kodesh” (santificado/santo) em Êxodo 16:23; 31:14-15 e 35:2; ele também usa “ִּֽֽׁׁ֗שֹו ְד ַק ְל – kadeshon”  (santifiquem)  em  Êxodo  20:8  (no  verso  11,  ele  usa  “ִּֽׁשהּו  ְד ַק ְי ִַּֽוַֽ – kadeshehu” que significa: “tornou santo”) e Deuteronômio 5:12 (que é uma repetição de Êxodo 20:8). Descobre-se também, que tal palavra sempre é empregada no Pentateuco em referência a pessoas, objetos e dias de culto consagrados a DEUS: Êxodo 19:23 (em relação ao Monte Sinai), Êxodo 29:44 (em relação ao tabernáculo e a Arão e seus filhos que foram santificados para o sacerdócio) e Levítico 25:10 (em referência ao ano do Jubileu). Além de Gênesis 2:3, a Septuaginta e a Vulgata Latina, também utilizam respectivamente “ἡγίασεν-hegíasen” e “sanctificavit” (santificou), em: Êxodo 20:11 em referência ao próprio Sábado, em Êxodo 19:14 em referência ao  povo de Israel, em Números 7:1 em referência ao Altar de Incenso e em Levítico 8:11-12 em referência aos utensílios do Tabernáculo e ao Sumo Sacerdote Arão (obs: No verso 12 do capítulo 8 de Levítico, a Vulgata utiliza “consecravit-consagrou”, mas tal palavra é sinônimo de ““sanctificavit- santificou”) etc. Vemos assim, que em todo o Pentateuco o verbo “santificar” é utilizado por Moisés para se referir a algo ou alguém que foi selecionado para um serviço sacro e que, portanto, se o Sétimo Dia foi santificado na Semana da Criação, então, isso significa que ele foi estabelecido como dia de culto nessa mesma época, ou seja, mais de 2000 anos antes do próprio Moisés existir. Por isso as versões “Nova Bíblia Viva” e “Nova Versão Transformadora”, informam de modo mais explícito de que DEUS declarou o sétimo dia como santo ainda na criação e a “Nova Tradução na Linguagem de Hoje” vai mais além ao escrever que o sétimo dia já naquele momento foi separado como dia santo.

Dada à força da expressão “santificou”, o professor Paulo Cristiano da Silva, membro do CACP (Centro Apologético Cristão de Pesquisas), em seu artigo “O Sábado de Gênesis-Mandamento, Exemplo ou Ilustração?”, utiliza um engenhoso argumento baseado em uma suposta utilização de “prolepse” (antecipação de um acontecimento futuro) por Moisés no texto de Gênesis 2:3, isto significa, que a santificação do Sábado e sua separação como dia de culto, não teria ocorrido na semana da criação, mas Moisés a teria citado em Gênesis 2:3 apenas como um motivo de sua existência posterior, isto é, Moisés estaria dizendo para os israelitas que o SENHOR DEUS havia santificado o Sábado (no tempo contemporâneo a eles), pois havia descansado nesse dia (no tempo anterior a eles), segundo o professor Silva.

Entretanto, tal interpretação ignora o emprego da conjunção aditiva “e” (“ַוי -way” em hebraico; “kai” em grego, Septuaginta; “et” em latim, Vulgata Latina) que une as ações de descansar, abençoar e santificar, como tendo ocorrido de forma consecutiva, como também é o caso da: separação da luz das trevas, ocorrida logo após a avaliação positiva que o SENHOR DEUS deu em relação à luz (Gênesis 1:4); da separação das águas, ocorrida logo após a criação do firmamento (Gênesis 1:7); das ações criadoras do terceiro dia que sucederam às do segundo dia (Gênesis 1:9); à nomeação das águas, ocorrida após a nomeação da “porção seca” do planeta (Gênesis 1:10); à avaliação positiva feita pelo  SENHOR DEUS em relação a vegetação do planeta (Gênesis 1:12); à criação do “luminar menor” para governar a noite, realizada após a criação do “luminar maior” (Gênesis 1:16); à avaliação positiva, feita após a criação dos dois grandes “luminares” (Gênesis 1:18); à criação das aves, realizada depois da criação dos seres aquáticos e também a avaliação divina sobre o surgimento dessas criaturas (Gênesis 1:21); às ações criadoras do sexto dia que sucederam às do quinto dia (Gênesis 1:24); mais algumas avaliações positivas realizadas após a criação (Gênesis 1:25 e 31) etc. O mesmo ocorre no texto de Gênesis 2:2-3, pois o ato de “abençoar” está conectado pela conjunção “e” com o ato de “descansar de todo trabalho que havia feito” (Gênesis 2:2) e também com o ato de “santificar” (Gênesis 2:3), portanto, as três ações ocorreram de forma consecutiva, da mesma forma como ocorreu nos exemplos supracitados dos demais dias da criação, de modo que a intenção do professor Silva em separar a ação de “descansar” das ações de “abençoar” e “santificar” é uma violação  da gramática e do contexto bíblico.

Além do mais, no verso 3 do capítulo 2 de Gênesis, Moisés emprega o termo “שבתון-shabbathon” no lugar de “שבת- shabath” e sendo que esse termo (shabbathon) significa “observar/guardar o sábado”, considera-se que a separação do dia sétimo como dia de culto ocorreu na Semana da Criação, pois a ordem de “observar/guardar” períodos de tempo (shabbathon) sempre é usada no Pentateuco em referência a dias de descanso consagrados em forma de culto ao SENHOR DEUS (Êxodo 16:23; 31:15; 35:2; Levítico 16:31; 23:3 etc), mas alguém poderia questionar que a informação de observância do Sábado encontrada em Gênesis 2:3 está fazendo referência ao SENHOR DEUS e não a Adão e Eva, que seriam os responsáveis pela prestação de culto, entretanto, isso é o de menos, pois vemos que o ato divino de descansar no dia sétimo não foi uma simples “cessação” de trabalho (como ocorreu nos demais dias da criação), mas sim a primeira prática de “sabatismo” (observância do Sábado como dia de descanso e de culto) registrada nas Escrituras e que ocorreu no Jardim do Éden, por isso até mesmo o pastor pentecostal Esequias Soares, que aparentemente não considera o sétimo dia da criação como consistindo em 24 horas e que também claramente diz que a guarda do Sábado nunca havia sido mandamento antes do tempo de Moisés, reconhece que o sétimo dia foi santificado desde o princípio do mundo: “O sétimo dia é o fundamento da guarda do sábado dada aos israelitas, visto que esse dia foi santificado desde o princípio do mundo (sic)” (Soares, 2015, pág-66). Portanto, a santificação, ou melhor, a separação do sétimo dia, que é o Sábado (como já foi provado), como dia de culto ocorreu na semana da criação e não no deserto do Sinai.

2.8    Descansou parte 2

O texto é finalizado com uma explicação de o porquê o Sábado ter sido instituído como uma bênção divina para a humanidade e como um dia de culto a DEUS. Entretanto, como o verbo “shabath” primordialmente, significa simplesmente “cessar ou desistir”, sendo que esse cessar não requer necessariamente um estado de cansaço físico para ser realizado (Josué 5:12). Alguns eruditos, com base em Isaías 40:28, João 5:17 e Hebreus 1:3, têm preferido a tradução “cessou” ao invés de “descansou” para o texto de Gênesis 2:2 (veja a Tradução Brasileira), sendo que essa interpretação é defendida também pelo livro “A Bíblia Responde”: “Em nenhum dicionário a palavra significa descansar. A idéia (sic) de que Deus descansou no sétimo dia só  pode ser interpretada antropomorficamente, uma vez que Deus não pode cansar-se, sendo Ele o sustentador de toda a criação”. A Bíblia Responde, Rio de Janeiro: CPAD, 1983, pág-45. Por ser uma obra de 1983, a informação do citado livro está desatualizada, pois alguns léxicos mais recentes (como o de James Strong, em sua edição de 2002) traduzem o verbo “shabath” como descansou, mas como o citado léxico não é tão prestigiado entre os acadêmicos, como o é entre os leigos estudantes das Escrituras, faz-se necessário uma investigação mais acurada para se saber o significado do termo em questão.

Flávio Josefo (historiador judeu-romano do século I) em “Antiguidades Judaicas”, livro I, página 1, parágrafo 1, defende a tradução “descansou” (“No sétimo dia, Ele descansou e deixou de trabalhar as grandes obras da criação do mundo: é por esse motivo que não trabalhamos nesse dia e lhe damos o nome de sábado, que em nossa língua quer dizer ‘descanso’”, Flávio Josefo) e Moisés emprega “shabath” com o significado de “descansar” em: Êxodo 16:30; 23:12; 34:21, além disso, ele também usa “ַנח -yanah” em Êxodo 20:11, que é uma palavra derivada de “נוח-nuah” que significa “repouso” de onde também se deriva o nome do homem do qual descendem todos os seres humanos da atualidade (Gênesis 5:29), em referência ao sétimo dia da criação em substituição de “shabath” indicando que essas palavras são sinônimos e que, portanto, o SENHOR DEUS não apenas “cessou” sua atividade criadora no sétimo dia, mas sim que também descansou literalmente nesse dia.

A Septuaginta também utiliza “καταπαύσεις-katapayseis” em Êxodo 34:21, com o significado de “descanso”. Já a Bíblia Sacra Vulgata Latina, faz uma declaração ambígua, pois no verso 2 afirma que DEUS “requievit-descansou” de suas obras, mas no verso 3 ela diz que o SENHOR DEUS simplesmente “cessaverat”, sendo comportado nessa palavra, tanto o significado de “descansar”, quanto o de “cessar”, entretanto, o contexto geral da Vulgata Latina parece sugerir o significado de “descanso” para essa palavra: “requievit in die septimo-descansou no dia sétimo” (Êxodo 20:11).

Por fim, o descanso divino no sétimo dia deve ser entendido como sendo literal, pois em Hebreus 4:10, o descanso divino no sétimo dia da criação é usado como figura  ilustrativa do descanso humano prometido por meio da Redenção outorgada por nosso SENHOR JESUS CRISTO (que pode ser usufruído, mesmo que de forma superficial e limitada, através do descanso no sétimo dia), ou seja, se o descanso humano é literal, o descanso divino ao qual o descanso humano imita, também deve ser literal. Mas como um SER que não se cansa, pode descansar? A Bíblia não revela os detalhes das ações divinas (Deuteronômio 29:29), mas sabemos que tal ato serviu de exemplo ao ser humano, da mesma forma que o batismo do SENHOR JESUS CRISTO, que por não possuir pecados, não tinha necessidade de “renascer” da água e do ESPÍRITO, mas que mesmo assim quis deixar o exemplo para ser seguido. O cessar das atividades divinas, deveria ser imitado para que os seres humanos recuperassem suas energias físicas, emocionais e espirituais.

2.9    “Argumentum ex Silentio”.

O “argumento do silêncio” (do latim “argumentum ex silentio”) é uma argumentação indutiva baseada na ausência de citações sobre determinado tema em registros históricos, isto é, se o autor de um determinado documento histórico deixa de mencionar algo considerado importante para a sua época (ou para a época da qual escreve), então, tal tema ou era desconhecido pelo autor ou esse tema não tinha à época a mesma importância que adquiriu posteriormente. Tal argumentação é muito utilizada no meio religioso (sobre tudo no cristianismo) por grupos discordantes de determinadas doutrinas que são aceitas por outros grupos religiosos, como por exemplo: os antitrinitários que por não crerem na doutrina da SANTÍSSIMA TRINDADE, apelam para a ausência do termo “Trindade” nas Escrituras como “prova” de que tal crença não é bíblica, sendo que o mesmo ocorre com relação a muitos eruditos não- sabatistas, isto é, afirmam que as Escrituras não mencionam o Sábado sendo guardado antes da estadia israelita no deserto do Sinai (Êxodo 16:23-30) e, portanto, tal Lei (de guardar o Sábado) não seria datada da Semana  da Criação como dizem os sabatistas.

Em primeiro lugar, o argumento do silêncio é considerado uma falácia (raciocínio equivocado realizado com o intuito de enganar o oponente) no meio acadêmico, dado aos inúmeros exemplos em que a não citação de lugares ou acontecimentos em certos documentos históricos não pode ser usada como prova da não existência ou não ciência do autor sobre tal objeto, tais como: a não citação da destruição das cidades de Pompeia e Herculano pela erupção do vulcão Vesúvio em 79 AD nos escritos de Plinio o Jovem, a não citação da Grande Muralha da China nos diários de viagem do explorador veneziano Marco Pólo etc.

Em segundo lugar, aplicar o argumento do silêncio nas Escrituras causaria inúmeros problemas nos conceitos teológicos atuais. Por exemplo: em Gênesis 5:24 é dito que Enoque andou com DEUS (um hebraísmo utilizado para dizer que alguém teve uma conduta de vida acordada com os padrões divinos), mas não revela de maneira clara como se procedeu tal ato, isto é, não sabemos com precisão o que Enoque fez que agradou o SENHOR a não ser que o mesmo exerceu Fé no CRIADOR (Hebreus 11:5), mas como a Fé sem as obras é morta (Tiago 2:17-26) sabemos que tal Fé foi acompanhada por obediência explícita e voluntária à vontade divina, porém  não temos como descobrir quais foram as obras praticadas por Enoque que evidenciaram sua Fé, mas na atualidade pregadores cristãos de todas as igrejas têm estimulado seus fiéis a seguirem o exemplo de Enoque (mesmo sem sabermos como foi a vida espiritual desse grande homem, em detalhes) e obedecerem aos mandamentos morais divinos (não matar, não adulterar, não proferir mentiras etc).

Entretanto, suponhamos que um indivíduo rechace veementemente essa visão universalizada de que ao guardarmos tais mandamentos morais estaríamos seguindo o exemplo de Enoque, justamente porque o texto bíblico não diz que Enoque guardou qualquer desses mandamentos e, portanto, seguir o exemplo de Enoque seria na verdade simplesmente exercer Fé em DEUS (como o texto bíblico diz que Enoque exerceu) com ou sem tais mandamentos, isto é, independente do que façamos (seja homicídio, adultério ou qualquer outra coisa) estaremos seguindo o exemplo de Enoque desde que exerçamos Fé em DEUS, estaria tal indivíduo correto, ou melhor, seu argumento baseado no “silêncio bíblico” sobre os detalhes da vida de Enoque, estaria correto?

Vamos para mais um exemplo, só que dessa vez trataremos do mandamento “não matarás”. Em Gênesis 4:9-15, vemos um julgamento divino sendo exercido sobre Caim (o primogênito de Adão e Eva) por causa do homicídio praticado por ele contra seu irmão mais novo Abel (Gênesis 4:8), mas como Caim saberia que o homicídio era um crime aos olhos de DEUS se o mandamento “não matarás” aparentemente só foi entregue depois do dilúvio (Gênesis 9:6)? Caim demonstrou não ter medo da ira divina em pelo menos duas ocasiões de acordo com o texto bíblico (a primeira quando mentiu descaradamente ao SENHOR em Gênesis 4:9 e a segunda quando desafiou o castigo divino que determinou que ele fosse um fugitivo errante pela Terra, Gênesis 4:12, mas ele mesmo assim tentou estabelecer uma moradia fixa de acordo com Gênesis 4:17), portanto, se tal mandamento já não existisse naquela época, Caim poderia ter se defendido ao alegar que não sabia que seu ato tinha sido um crime terrível visto que o SENHOR DEUS supostamente não o havia informado sobre isso com antecedência, porém como não fez tal alegação fica implícito que conhecia muito bem a natureza vil de seu ato o que demonstra a fraqueza e sofisma do argumento do silêncio.

Sobre o Sábado, como já foi dito no tópico 2.3, o pseudoepígrafo Livro dos Jubileus ao passo que afirma que somente Israel tem o direito de observar tal dia (Jubileus 2:17-19 e 31), reconhece que o Sábado foi separado (sinônimo de santificado) para todas as eras desde a Semana da Criação (Jubileus 2:1). O pseudoepígrafo Livro dos Segredos de Enoque 32:5, declara: “Abençoei o sétimo dia, o Sábado, quando descansei de todas as minhas obras”. A Enciclopédia Judaica, Vol 10, 1919, ‘Sabbath’, citando o midrash de Gênesis (Gênesis Rabah 79 [edição Buber] pág-22), declara que os patriarcas guardaram o Sábado antes da revelação do Sinai.

Vemos assim, literatura judaica (inclusive do período pré-cristão, com exceção da Enciclopédia Judaica) defendendo uma instituição sabática pré-israelita, porém, como a Bíblia Sagrada é nossa única fonte de Fé, só poderemos saber se tal ideia é ou não é verídica depois de analisarmos o que as Sagradas Escrituras têm a dizer sobre tal tema. Assim se mede a importância do texto de Gênesis 2:2-3, pois  se tal texto diz que o Sábado foi abençoado, santificado e observado já nasemana da criação, deduzisse que os servos de DEUS observaram esse dia (Gênesis 26:5) fazendo com que o “período de silêncio” que se segue torne-se irrelevante, caso contrário, o período de silêncio compreendido de Moisés (Deuteronômio 5:12-15) ao Rei Davi (1 Crônicas 23:31) também “provaria” uma não-prática da guarda do Sábado pelos filhos de DEUS, durante essa época em que o Sábado não é mencionado.

Um único texto bíblico, interpretado segundo as regras da hermenêutica, é o bastante para se julgar a validade ou não de uma doutrina, crença e opinião, portanto, se o texto de Gênesis 2:2-3: identifica o sétimo dia da criação como sendo o Sábado, declara que ele foi abençoado, santificado e celebrado já naquela época, então, o mandamento do Sábado é de origem edênica (e não sinaítica, como defendem os eruditos não-sabatistas) e a única forma de contestar isso é por meio de uma falácia chamada “argumentum ex silentio” (argumento do silêncio), que se mostra inválida nas próprias Escrituras e com respeito ao mesmo tema: o Sábado (a não menção ao Sábado do período de Moisés a Davi).

2.10    Gálatas 3:17

O objetivo do artigo é tratar sobre o texto de Gênesis 2:2-3, mas como Gálatas 3:17 é usado como “arma argumentativa” para se defender uma não-existência do mandamento sabático anterior ao Sinai, se faz necessária uma análise sobre tal texto, mesmo que seja uma análise “enxuta”.

Primeiramente, devemos saber que o termo “Lei” (do hebraico “תורה-torah”; do grego “νομος-nomos”; do latim “lex”) é usado para se referir ao conjunto dos cinco primeiros livros da Bíblia Sagrada, escritos por Moisés (Neemias 8:1 e Lucas 24:44), isto é, aos livros de: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio; conjunto esse também conhecido como Pentateuco e que contêm um total de 613 mandamentos. Portanto, o apóstolo Paulo poderia está se referindo à codificação desse livro (um rolo de aprox. 9 metros de comprimento) feita pelo profeta Moisés no século XV AC (Deuteronômio 31:9) e não a uma criação tardia dos mandamentos divinos, pois Gênesis 3:21; 4:4; 6:1-2; 7:2 e 8; 8:20; 9: 4 e 6 etc; nos revelam a existência de inúmeros mandamentos contidos no “Livro da Lei”, mas que eram anteriores não só a Moisés, mas também ao patriarca Abraão, mandamentos esses transmitidos de forma oral até a codificação escrita da Lei. Já a interpretação antinomista que diz que a Lei só veio a existir depois do Êxodo, ignora tais textos bíblicos.

3      Estudo Teológico

3.1    Implicações Bíblicas

A identificação do Sábado como sendo um mandamento de origem edênica, isto é, vindo dos tempos do Jardim do Éden com base no texto de Gênesis 2:2- 3, traze-nos a informação da existência de uma tradição oral anterior à codificação da Lei de Moisés, isto é, desde o início dos tempos que os mandamentos do SENHOR DEUS têm sido transmitidos de geração em geração, primeiramente por meio da tradição oral e posteriormente (primeiramente através de Moisés) por meio das Sagradas Escrituras, sendo o Sábado um membro desse seleto grupo de mandamentos edênicos juntamente aos mandamentos: “não matarás” (Gênesis 9:6); “não adulterarás” (Gênesis 39:9) entre outros.

3.2    Implicações Sistemáticas

A instituição de um dia de descanso em um mundo perfeito, nos ensina uma antropologia em que mesmo em suas melhores condições físicas, espirituais e morais, o ser humano não foi criado para trabalhar sem cessar. O descanso das atividades seculares, também deve ser um período de aprofundamento na relação interpessoal que cada ser humano deve ter com o seu CRIADOR e com o seu semelhante. Já sobre temas soteriológicos, sabemos que a Salvação é única e exclusivamente por meio da graça de CRISTO (Efésios 2:8- 9), portanto, nem o sabatista e tampouco o antinomista poderão se declarar salvos por quaisquer obras que pratiquem ou deixem de praticar, entretanto, a graça de nosso SENHOR e SALVADOR JESUS CRISTO é tão poderosa que não apenas nos cobre os pecados, como também nos liberta do poder deles (1 João 1:9), de modo que a guarda do Sábado não se torna um meio para se obter salvação, mas sim uma demonstração exterior de uma magnífica graça que transformou o interior humano (João 14:15).

3.3    Implicações Práticas

Seguindo as ordens divinas, o ser humano só tem do que se beneficiar (Deuteronômio 28:1-14), pois obterá restauração do vigor físico desgastado durante a semana, mais uma intensa comunhão com o SANTO ESPÍRITO, visto não está preocupado com os estressantes assuntos seculares e por fim um melhoramento na relação com seus semelhantes, sendo, entretanto, indispensável que tal repouso seja feito conforme todas as regras bíblicas, isto é, do por de Sol da “sexta-feira” ao por do sol de “sábado”, pois o SENHOR  não nos concedeu autorização para escolhermos o dia e/ou a forma de descanso.

Considerações finais

O vasto conhecimento que pode ser retirado das Escrituras Sagradas é algo realmente impressionante, de modo que nossa análise exegética do texto de Gênesis 2:2-3 pôde nos informar: que o sétimo dia da semana da criação era o Sábado, que foi abençoado, isto é, instituído primordialmente para o benefício humano no Jardim do Éden e não no deserto do Sinai, além de também ter sido santificado, isto é, separado como dia de culto ao SENHOR DEUS, e celebrado já naquela época.

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