Frequentemente a esquerda coloca o movimento feminista como o responsável pela defesa e libertação das mulheres em diversos sentidos. Isso é verdade? Bastante questionável. Explico: o feminismo não é um movimento formal. Há movimentos históricos que surgiram de maneira formal, com regras bem específicas, num espaço e tempo bastante definido, cuja fundação é oficial e pode ser remetida a um ou mais autores conscientes do ato.
Por exemplo, o socialismo científico (ou comunismo, ou marxismo) surge a partir dos escritos de Karl Marx e Friedrich Engels, na década de 1840, seguindo um conjunto específico de princípios estabelecidos por esses escritos. Baseados nessa filosofia formal e bem definida, surgem grupos de estudos, associações, ligas e partidos, todos circunscritos na mesma filosofia, seguindo o mesmo conjunto de princípios. A esta agremiação de pessoas guiadas pela mesma filosofia formal podemos chamar de movimento comunista (ou marxista). Este é um movimento formal. Quem quer que queira a ele pertencer terá que adotar toda uma agenda de princípios elaborados formalmente e seguidos por todos os membros.
Da mesma maneira, o cristianismo é um movimento (religioso) formal. Ele surge a partir de um corpo de doutrinas específico, baseado na Bíblia judaica, ensinado por Jesus Cristo, no primeiro século, em Israel, e repassado adiante pelos seus discípulos. Aqueles que não seguem esse corpo de doutrinas não podem ser considerados cristãos. E pode-se incluir aqui ainda, como movimentos formais, o judaísmo, o islamismo, o nazismo alemão, o fascismo italiano e etc.
Não obstante, nem todo o movimento histórico é formal. Muitos movimentos são, na verdade, uma série de posturas, pensamentos e ações de pessoas e grupos independentes e desconexos, mas em um mesmo período (e às vezes em uma mesma região) e que se assemelham em alguns (ou muitos) aspectos. Quando isso acontece na história, anos depois os historiadores observam o que essas pessoas produziram e, percebendo semelhanças, criam um rótulo que identifique o período/conjunto comum de ações, reunindo todos esses indivíduos e grupos independentes em um mesmo movimento.
Não há nenhum problema nisso. Trata-se apenas de uma questão de didática. É muito mais fácil estudar história agrupando diversos indivíduos e grupos com determinadas semelhanças em um único movimentos ou período, mesmo que esses indivíduos e grupos nunca tenham se reunido em um local específico, cunhado um nome para o movimento e definido regras. O problema é quando esses movimentos cunhados pelos historiadores adquirem status de movimentos formais. É o caso do feminismo.
Os historiadores em geral definem o feminismo como um movimento de emancipação da mulher e o dividem em três “ondas”. A primeira onda se refere à mulheres e grupos de mulheres distintos que surgiram em meados do século XIX e início do século XX lutando por questões como o voto feminino, proteção contra abusos masculinos e mercado de trabalho. A segunda onda ocorre entre as décadas de 1960 e 1970, com um discurso mais voltado para questões sexuais. E a terceira se inicia nos anos 90, com um discurso mais voltado para questões étnicas e sociais.
Ressalto que todas essas classificações não passam de arbitrariedade didática. Convencionou-se entre a maioria dos historiadores encarar essas mulheres e grupos de mulheres como um movimento (o feminismo) e dividir esse movimento em três “ondas”. Tudo isso é convenção historiográfica. Não foi uma mulher ou um grupo específico de mulheres que se juntou em determinado local e data para criar formalmente um movimento, com suas regras bem definidas e um nome. Não houve um livro-base, com princípios fixos, que fez surgir um movimento formal. É apenas classificação taxonômica dos historiadores. Como é assim, poderia ser de outra forma. Eu poderia não classificar, por exemplo, as primeiras mulheres que começaram a lutar por dignidade como feministas. Eu poderia encarar cada “onda” do feminismo como um movimento diferente. Ou entender que o feminismo compreende apenas o que se entende como segunda e terceira onda hoje. Percebe? Isso fica à critério do historiador, pois não se trata de um movimento formal.
Eis onde eu queria chegar. Criou-se um rótulo para as diferentes mulheres que surgiram em meados do século XIX lutando por dignidade: feministas. Em seguida reuniu-se nesse mesmo rótulo outros grupos de mulheres dos anos 60-70 e dos anos 90 que já lutavam por questões distintas. Ou seja, a impressão que dá é que todas essas mulheres fazem parte de um mesmo movimento formal e constituem uma firme unidade. Isso é pra lá de questionável.
E aqui está a esperteza da esquerda. Ao ver a história transformar uma série de mulheres e grupos tão distintos e distantes no tempo em um só movimento (e um movimento formal), a esquerda se apodera do mesmo e impõe a sua agenda. Afinal, movimentos formais possuem uma agenda específica. A esquerda, portanto, passa a determinar o que é feminismo, o que feministas devem buscar, o que devem seguir.
Resultado: uma vez que no rótulo feminista passa a estar incluído tanto essa agenda de esquerda, quanto as ações das primeiras mulheres que lutaram por dignidade, qualquer pessoa que se oponha ao feminismo estará, aparentemente, se opondo às conquistas dessas primeiras mulheres. É neste ponto que a esquerda consegue fazer as pessoas crerem que defender o feminismo é defender a mulher; atacá-lo é ser misógino e machista. É neste ponto também que se consolida o mito de que o movimento feminista é o responsável pela defesa e libertação das mulheres em diversos sentidos. Não é. Pelo menos não o que a esquerda e boa parte dos historiadores definiram como feminismo.
Percebemos aqui que a discussão na verdade é de termos. Há quem não considere feminismo o que convencionou-se chamar primeira onda. Há também quem não considere feminismo justamente o que convencionou-se chamar de segunda e terceira onda. Não há certo e errado porque não estamos falando de conteúdos, mas de termos. Para nós, dessa página, o termo feminismo já está muito desgastado para representar a legitimidade de algumas lutas daquelas mulheres da “primeira onda”. Ademais, suspeitamos que o próprio termo em si não era utilizado pela maioria delas. Assim sendo, preferimos utilizar este termo para designar os movimentos surgidos a partir da chamada “segunda onda”, os quais passaram a pregar ideias estranhas ao cristianismo como aborto, divórcio, promiscuidade e desvalorização do matrimônio, da família, da maternidade e dos filhos.
Em outras palavras, não nos opomos às lutas legítimas de mulheres para serem tratadas com dignidade, como seres humanos e filhas de Deus. É o que a Bíblia nos ordena, aliás. Mas nos opomos à toda a ideologia anticristã surgida no feminismo a partir (principalmente) dos anos 60 até os dias de hoje. Este movimento, da forma como definimos nessa página, não representa às mulheres, mas sim os interesses da esquerda políticos da esquerda e, em última instância, os interesses de Satanás contra a família.
Concluímos, portanto, que o movimento feminista não é o responsável pela defesa e libertação das mulheres em diversos sentidos. Ele é, sim, o responsável pela degradação da mulher e da sociedade em todos os sentidos. O feminismo é um dos grandes enganos de Satanás, que se apresenta como defensor das mulheres, mas é uma das contrafações do cristianismo. Como todo o movimento secularista, o feminismo, tal como o definimos aqui, é meramente uma cópia malfeita de algumas virtudes cristãs, mas misturadas à concepções humanistas, ideais contrárias à Palavra de Deus.
Esclarecido isso, informamos que vamos continuar criticando ferrenhamente o feminismo e demonstrando que as mulheres não precisam deste movimento secularista e totalmente tomado pela esquerda, mas apenas do evangelho. É o evangelho, quando pregado e vivido em sua plenitude, que liberta as mulheres das opressões ao seu gênero.
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